sábado, 6 de junho de 2015

Campeonato mundial de poetry slam 2015 - Final

A final do 9º campeonato mundial de poetry slam ocorre em Paris, às 20h (hora portuguesa) do dia 6 de junho de 2015 e pode ser acompanhada em direto através do link DIFFUSIONS EN DIRECT (STREAMING) do site www.grandslam2015.com

quarta-feira, 3 de junho de 2015

SlamPoetry...



SlamPoetry . dizem . Apelo à poesia d’intervenção . querem . poesia de rua . blingbling ocidental . de rima curta e batida re-pe-ti-da escrava de um swing negro de gueto armado com artilharia musical
SlamPoetry em Portugal . dizem . a anos luz da dos States . referência genómica . Mundial .
porque eles é que mandam . no som da carne ou poesia do corpo . Capital exportado para este formato de SlamPoetry em Portugal . chamam-lhe liberdade d’expressão não…
condicionalismo estético temático estrangeirismo expressivo
um padrão
Balanço do corpo, elevação da voz, aceleração das rimas à medida que se caminha para o orgasmo da irritação social.
sobre as Mulheres do Qatar, ao racismo à pobreza, à indignação da adolescência, temáticas escravas da realidade
confessa, coisas que mexem como quem bebe coca-cola.

PoetrySlam . dizem . liberdade de pensamento vendem
ideias de todos os dias encafuados num método de discurso protocolar, certificado, auditado, pelo ouvido americano sobre o que é intervenção.

Eu Não Rimo Eu Escrevo como Quero.
A Minha intervenção é sobre a Alma, o meu Racismo é pelos Mortos, os meus atentados são ao Surrealismo, a minha indignação é pelo amor.
Eu não minto a minha identidade num PoetrySlam.
Eu estou num PoetrySlam Portugal.
Sou Portuguesa
Do Norte Caralho
Os meus hambúrgueres são rojões
A Minha poesia é Verde Branco
E o meu regionalismo é universal.
Não pertenço à à América.
Pertenço a Nós os irritados
Irritadiços
De irra p’rá vida
Que nunca fomos devidamente celebrados.
Nós os adstringentes que a azedamos numa fermentação contínua do fervilhar dos ácidos
Nós os destilados de álcoois superiores
Nós os efervescentes
Fervidos
Que fazemos deste mundo um acre mundo.
A anos luz da dos States dizem…
Ainda bem
Já bastam as regras
A pontuação
Poesia comercializada num qualquer supermercado perto si.
Embalada pela necessidade humana de hierarquia, de vencedores.
A SlamPoetry não presta.
Venho porque a Li me obriga
E eu gosto dela.
Perdoa mas eu sou dos surrealistas,
Não dos que cagam para conseguir subsídios
Mas dos que dormem com unicórnios salgados dentro de orquídeas com cio
EU RIMO
EU SOU INCOERENTE
Como um qualquer ser humano lúcido.


Texto de Cláudia Amorim lido pela autora no microfone aberto do Poetry slam Barcelos #3

domingo, 19 de abril de 2015

Seria tão bom não acreditar em nada...


Seria tão bom não acreditar em nada
Não sonhar não amar nada nem ninguém
Haver um lugar para todos os esquecimentos
Ter a habilidade de equilibrar dois mundos
Raptar a lua por mera sacanagem
Convidar deus para um café
E atirar-lhe à cara a última carta
Seria tão bom ter o mínimo de virtudes
Confundir o ir com voltar
Pensar e escrever sobre nada
Sentir a vida o mais longe possível
Fazer de conta que está tudo bem
Que sobre nós a loucura reinará
Depois confessar todos os crimes poéticos
Ir às putas sem dinheiro
Ser general do nosso menosprezo
Fornicar acima de todas as Coisas
E continuar a ser o mesmo
Sempre o mesmo a retirar do cu toda a verdade.


Texto de Flávio Lopes da Silva lido pelo autor no microfone aberto do Poetry slam Barcelos #2

sábado, 18 de abril de 2015

Perguntema



a arte só faz perguntas!
a arte só faz perguntas!
a arte responde perguntas.


quantas cores tem o céu?
quantas metáforas
insere a palavra poesia?
quantos corações
vivem num só?


quantos surrealismos
ainda respiram?
que sentimento
absorve o negro do ódio?
quantos poetas dizem
«dada»?


quantos poetas fazem verdadeiramente poesia?
quantas facas tem cada boca?
e quantos dentes a faca?
Quantos dentes?


Quantos homens hoje não são de lã?
como se conjuga o vermelho?
qual é que é a velocidade dos sonhos?


Porque os poemas perguntam!
Os poemas perguntam!
Os poemas perguntam!
Os poemas respondem perguntas.


onde mora o branco da folha?
quantas páginas tem
a palavra esperança?
quantas mentiras
para acabar o mundo?
e quantas verdades para o seu
renascimento?!


Quantas pessoas fazem amor, agora?
E tu que estás aqui,
porque não estás agora a fazer amor?


onde está Portugal?


em que corpo vivem agora
os grandes poetas do passado?


quantas hienas
num elogio?
Sim. Num elogio, quantas hienas?


qual o boomerang
da frontalidade?


quem é que morre hoje?
qual o Deus físico?
que palavra maior
que todas as outras?
Que nome verdadeiro?
Que sentimento sem precisar de palavras?


o que se esconde debaixo
das folhas caídas?
com que proteger
as árvores nuas do outono?


os poemas perguntam!
os poemas perguntam!
os poemas perguntam!
os poemas respondem perguntas.


quantas portas por fechar?
quantas pessoas sentadas à espera de se levantar?


que estações
para a destruição?


que crepúsculo claro?
que inercia se desfaz entre estas linhas?


que poema é este?!



Texto de Diogo Costa-Leal lido pelo autor no Poetry slam Barcelos #2